Tec Land (o)
30 agosto, 2006
Solidão de apartamentos …
Sofremos com o frio …
Sopramos o ar quente do estômago
Dentro dos cones formados pelas nossas mãos …
É noite ou é dia aqui?
E aí, do outro lado do teclado?
A que horas chegará alguém?
O que será que está passando na televisão?
Qual dos meus discos ainda podem ser ouvidos mais uma vez?
Ponho os fones de ouvido … Não seria melhor ouvir nas caixas?
As contas são jogadas por debaixo da porta, envelopadas …
Macarrão alho & óleo no almoço
Mais tarde, sopa quente, fumegante
Cafés, cachaças, cachecóis …
brrr! frio / vento / ar seco …
Leio outras postagens …
Quem são esses caros e caras?
Alguns têm os textos tão bonitos, tocantes …
Mencionam a poesia da chuva
Ou a maciez de suas meias
Todos se manifestam, querem dizer algo
Participar dessa teia que formamos
Engendrar novas possibilidades
Manifestar imagens e verbos
Expor tendências …
E eis que assim, quase sem nos tocarmos
Estamos estabelecendo novos modelos
Novos jeitos de nos comunicar em nosso tempo
Novas maneiras de nos mostrarmos aos outros
Assim, sem nos tocarmos
Ou mesmo sem nos conhecer direito
Só teclando, teclando, tecando …
C.U.S.P.e
27 agosto, 2006
C.U.S.P.e
Vou até a janela…
Tentar aliviar o calor
E vejo a rua lá embaixo
As bestas avançam na faixa
Antes do verde abrir no farol
Volto até a janela…
Melhor lugar pra tragar
Passar a vista sob a cidade
No seu céu de espessa fumaça
Que gruda marrom na vidraça
Volta e meia estou na janela…
Paro pra tomar mais um refresco
Pra molhar esse tempo dos dias secos
Sobe do asfalto até o andar alto um bafô
Desce cuspida até a calçada minha saliva
Lin-Gag
24 agosto, 2006
Guigue
22 agosto, 2006
Desnecessárias Mentes
Os homens que andei conhecendo ultimamente não se mostram por dentro, ao invés, são indecentes desnecessários, propondo abate de mendigos ou depravando suas mulheres em bate-papos de balcão.
><
Coisas que a gente só consegue mesmo sacar é na mesa do bar.
Copinhos pequenos, meios de conhaque.
><
A morte na estrada não o fez se ir de vez.
Gonzaguinha vem me dizer as coisas.
><
Guigue é um mantra metropolitano
que compus para saudar São Paulo
para beijar a sua boca ácida,
e fazê-la mexer sua pelve de pedra
através desta canção faço a minha leitura do lugar.
a cidade é descrita com respeito e sem reservas.
sem timidez nem dissimulação, interfere.
sua intenção está no entanto além apenas disso.
quer refletir os traços mais comuns a todos:
a complexidade e a vastidão, imensidão de diversidades
o caos e a confusão das idéias conflitantes
o horizonte ressacado pela neblina poluída
correria e agitação, noite e dia
miséria, pobreza, riqueza e luxo
discrepâncias culturais
ETC
Sobre a Cena Roqueira Potiguar (e seus anacronismos)
19 agosto, 2006
Pronto.
A canção roqueira de Natal-RN compôs agora entre seus rifes uma estrofe mórbida com a morte do vocalista da banda Ravanes em evento que aconteceu na cidade de Pedro Velho. Dores à parte, o mais simbólico é que o cara foi eletrocutado em pleno palco e tombou com o microfone atado entre as mãos sobre o peito. O efeito, claro, vem sendo devastador entre todos que atuam na cena local, e mesmo entre aqueles que embora retirados já foram em algum momento seus protagonistas. Vem sendo o que posso perceber, à distância.
Marcellus Bob, um dos pintores mais espetaculares que a cidade possui, sempre me disse sonoramente entre os ?més? e os ?rolês? no centro: ?o rock and roll é uma coisa muito perigosa, bicho?. Parafraseava algum de seus ídolos, ele que está entre as mais belas sementes que o gênero já plantou ali, quando montou ainda em meados dos 80 o legendário Grupo Escolar. Mas o lugar, que vem trilhando em demorada escalada sua afirmação perante o estilo, nunca teve grandes incidentes relacionados com a coisa. Que me lembre, o que houve de mais funesto até então, e já tem mais de 10 anos, foi o suicídio do Délio Miranda, que em circunstâncias mal esclarecidas foi até um prédio na Rio Branco e pulou do último andar. E, no máximo, o que tínhamos contabilizado até agora haviam sido nossos próprios excessos, alguns vexames e … muito som. Muita música boa, (e outras nem tanto).
Mas eis que agora, nesse alvoroço que o momento enseja, que é o de estar entre as raras cidades com logo dois festivais de bom porte, quando acabou de ser exposta na mídia, azeitada para ser exposta mais uma vez como … Aí veio o choque. O choque nos sacode e nos pluga com a real, que infelizmente no caso do Chapula era uma corrente com 220 volts ou mais, sei lá. Mas nos liga inevitavelmente à realidade. Qual é a realidade da cena de Natal? Como vêm sendo estruturados os caminhos para a revelação de sua arte musical? O que os artistas importam?
As indagações não têm respostas fáceis, que estejam na ponta das línguas, guardadas afiadas por quem precisa defender seus próprios interesses. Não. Nem leva em consideração apenas a fase atual, ora vivida pelas bandas e outras quitandas do lugar. É preciso rever que no início dos anos 90, por exemplo, Natal tinha várias maravilhosas razões para ser alçada à condição de centro do que se produzia de melhor na música pop àquele tempo. Não vingou. Suas melhores bandas à época foram sendo pouco a pouco desossadas pela ação corrosiva do tempo e a indiferença soberba da cidade, além da falta de maior interação entre os grupos, falha que agora está sendo atenuada em razão da rede virtual.
Aliás, a lista que congrega os incluídos digitalmente, se nem todos os roqueiros têm acesso ao universo dos micros, pode vir a servir como um excelente instrumento na arquitetação de propostas e discussões que fomentem verdadeiramente o crescimento do setor, pois a hora é bem mais apropriada do que a década anterior, que tivemos que atravessar a duras penas. O momento pede mais profissionalização do segmento, mais unidade, mais parcerias, mais entendimento do que é tocar e cantar em Natal agora, quando a cidade está expandindo suas fronteiras e possibilidades.
Vamos ficar mais juntos, tocar mais juntos, viver mais juntos, brigar mais juntos, nos fortalecer … vamos aproveitar melhor as oportunidades que o tempo criou … vamos descobrir nossas afinidades e assumir causas comuns … E vamos exigir juntos do lugar em que vimos plantando talentos há tanto tempo, que ele passe a nos oferecer respeito e dignidade para usufruirmos enfim do que tantos já semearam, nos preservando assim do exílio involuntário ou da morte indesejada.
Ponto.
Marte Visível
19 agosto, 2006
nesse mês do cachorro louco
temos em exibição nos céus da terra
um dos astros mais conhecidos da humanidade: Marte.
Marte resolveu se aproximar em super produção.
será depois da lua o objeto mais brilhante no céu noturno
e se apresentará (quase) tão grandioso quanto a própria majestade.
os astrônomos dizem que desde a pre-história a posição do planeta
nunca foi tão favorável à observação de sua luz avermelhada,
sendo uma chance rara de curtirmos essa visita ilustre,
alinhada agora nos registros que estamos a fornecer …
pois da outra vez que ficou tão perto de nossa casa Terra
Tecnologia ainda era apenas uma pedra lascada
.:iXi:. ? outras postagens
.:iXi:. ? página pessoal
RA-RRÁ!!
Montei tudo: compus o texto e editei a fotografia …
Aí fui pesquisar a veracidade do assunto,
embora tenha chegado de uma fonte amiga (e confiável).
PURA BALELA!!
Segundo descobri, na real o acontecimento se deu em 27 de agosto de 2003, e desde então vem sendo uma diversão entre gaiatos, que postam repetidamente o mesmo assunto em pauta à medida que a data do fenômeno se deu, 3 anos atrás.
PUTZ!
De qualquer maneira resolvi postar essa mensagem por aqui
pra te fazer pensar sobre muitas coisas: mentiras virtuais entre as quais.
E evitar de você pagar o mico de estar de olho na luneta …
quando poderá estar fazendo alguma coisa mais interessante …
nem que seja batendo uma punheta …
Barra Funda
15 agosto, 2006
Eu vi
Eu estava na estação
Esperando o trem para embarcar
E aí encontraram-se duas pessoas
Eram um homem e uma mulher
O cara trouxe uma notícia ruim, sim
Assim que ela soube do que de fato se tratava
Caiu num pranto de lágrimas, de dar dó
Apesar do movimento apressado de todos em volta
Prestei atenção, rápido também
Mas ela estava lá, abalada
Tentava amparar seu desespero apoiando-se no parapeito, coitada
Permanecendo ali, naquela inércia lastimável
Enquanto já todos haviam passado, correndo
Descendo as escadas para onde o dedo do guarda apontava
Embalados ao fundo pelas notas monótonas
Do violão que animava um grupinho de evangélicos
Já no vagão, enquanto a máquina range nos trilhos
Misturam-se aos ruídos da viagem vendedores ambulantes e papos paralelos
Junto ao meu, no seu banco ao lado do novo paquera, ateu
A crente mente para a mãe numa lorota pelo celular
Para se desculpar por não ter condições, hoje
De fazer inteira aquela cansativa viagem de volta para a periferia